Dia da Consciência Negra: conheça histórias de Cirurgiões-Dentistas negros que exercem a Odontologia com amor e dedicação

Correspondendo a 56% da população brasileira, conforme dados do IBGE, ainda é preciso estimular a representatividade negra no magistrado. Em razão do Dia Nacional da Consciência Negra, comemorado neste domingo, 20 de novembro, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) reafirma o caráter multirracial das profissões envolvidas com a saúde bucal e reforça o combate ao preconceito contra Cirurgiões-Dentistas negros e demais profissionais técnicos e auxiliares da Classe Odontológica.

As desigualdades social e econômica relacionadas à população negra no Brasil, decorrente das tristes marcas da escravidão na história nacional, também são alguns dos aspectos que devem ser debatidos, na visão do presidente do CFO, Juliano do Vale. “Dessa forma, é importante sempre reforçarmos os valores de respeito mútuo em busca de uma sociedade mais igualitária”, destacou.

Joeli Gerva de Almeida, de 76 anos, fez história quanto à representatividade étnica: foi considerado o primeiro Cirurgião-Dentista negro do Hospital das Clínicas da Universidade de São Paulo (USP), totalizando quase 40 anos de carreira, muitos deles dedicados a auxiliar residentes da especialidade de Cirurgia e Traumatologia Buco-Maxilo-Facial. Começou como enfermeiro e, a partir do momento que se envolveu com os pacientes e as necessidades do dia a dia no Hospital, descobriu uma nova vocação. “Decidi fazer Odontologia e estava determinado a ser Cirurgião Bucomaxilofacial”, afirmou. Durante a graduação, que concluiu em 1981 pela Universidade Santo Amaro (UNISA), conseguiu realizar monitorias e ser assistente de professores em clínicas pelo seu ótimo desempenho.

Uma das passagens mais marcantes na graduação foi quando estava prestes a atender uma paciente, também negra, na Clínica Odontológica da faculdade. Na ocasião, a paciente estava acompanhada do filho, aparentando ter entre uns 9 ou 10 anos de idade, que comentou: “Nossa, mãe, é possível um negro ser dentista?”. Em seguida, Joeli explicou ao garoto que, sim, com muita dedicação e força de vontade, o sonho de fazer Odontologia é viável. “Fiquei feliz em poder encorajar o jovem, mesmo porque temos uma Odontologia de excelência e somos competentes, independente da etnia. Ao mesmo templo, refleti muito sobre a realidade de nós, Cirurgiões-Dentistas negros, estarmos em menor número”, constatou.

Já Celio Roberto Santos, de 44 anos, possui uma bela história de superação. Morou em orfanato e, mesmo com os desafios financeiros e familiares, chegou ao sonho de cursar Odontologia aos 36 anos de idade, após passar por uma longa experiência como Técnico em Prótese Dentária (TPD). “Tinha uma meta, que era ter o diploma de ensino superior, e minha vivência como protético me levava para a Odontologia, pois sonhava em trabalhar mais a fundo com a Prótese”, conta. “Na educação superior, os programas sociais já passaram a inserir mais os negros, mas ainda vejo que na maioria das profissões, não só na Odontologia, o negro ainda precisa e pode ser mais incluído no mercado de trabalho”, defende Celio, que acabou também se especializando em Implantodontia e, atualmente, também trabalha em consultório particular.

Ascom CFO
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