A pandemia desencadeou novas preocupações no cuidado com a saúde bucal. O alerta do Sistema Conselhos de Odontologia ganha força neste 4 de fevereiro, Dia Mundial de Combate ao Câncer, tendo em vista que o câncer bucal é considerado um problema de saúde pública no mundo. Esse cenário evidencia, inclusive, o importante preparo do Cirurgião-Dentista, desde a sua formação acadêmica, no trabalho contínuo de prevenção da doença. Em caso de diagnóstico precoce de tumores iniciais a chance de cura é acima de 95%.
Dados do Instituto Nacional de Câncer (INCA) revelam que o câncer bucal é um tumor maligno, que atinge a estrutura bucal (gengivas, bochechas, palato – mais conhecido como céu da boca e a língua). O Brasil é o terceiro país com o maior número de ocorrências de câncer de boca, 15 mil casos por ano e maior incidência em homens acima dos 40 anos. O INCA aponta, também, que nos últimos anos, o HPV (papilomavírus humano) também tem sido um fator preocupante relacionado ao aumento dos casos da doença entre jovens, sendo o sexo oral sem proteção a principal forma de contaminação.
A especialista em Estomatologia, a Cirurgiã-Dentista Fabiana Quaglio (CRO-SP-71255), enfatiza que o próprio medo da doença e a falta de informação da população são fatores que podem estar associados ao diagnóstico tardio da doença e, se tratando de tumores orais, cada minuto importa: “Cabe ao Cirurgião-Dentista, em consultório, executar ações diárias no intuito de orientar, alertar e combater os hábitos nocivos. Além de promover iniciativas de prevenção – primárias ou secundárias –, desmistificação e esclarecimento à população. Assim como desenvolver diagnostico, tratamento e suporte necessários para que o curso evolutivo da doença possa ser acompanhado juntamente com a equipe médica”.
Em tempos de pandemia, a especialista Fabiana Quaglio, ressalta a importância do Cirurgião-Dentista orientar o paciente para fazer o auto-exame bucal, como fator decisivo no combate ao câncer bucal: “Os cuidados básicos de higiene devem ser intensificados, o que inclui o uso de enxaguante bucal, fio dental e escovação regular três vezes ao dia. É preciso estar atento a lesões que permaneçam por mais de 14 dias. O câncer de boca é indolor e silencioso, é preciso estar alerta a aftas que não cicatrizam e não doem, manchas brancas ou vermelhas, nódulos ou caroços na boca, lábios, bochechas, língua e gengivas. Bem como dor e dificuldade para mastigar ou engolir, sangramentos na cavidade oral sem causa aparente, dentes moles sem doença periodontal associada, principalmente em pacientes do grupo de risco que são fumantes e etilistas”.
O Cirurgião-Dentista Paulo Sergio da Silva (CRO-SP-51737), especialista em Odontologia para Pacientes com Necessidades Especiais, destaca o artigo científico publicado por um grupo italiano (Salzano et al. 2021 – Eur Arch Otorhinolaryngol), que mostra o aumento preocupante nos casos de câncer bucal que necessitaram de cirurgia oncológica durante a pandemia. “É uma preocupação importante sim, pois muitos pacientes por receio da covid-19 não procuraram os profissionais de saúde para diagnóstico. Outro ponto levantado pelo artigo é a interrupção que muitos serviços de diagnóstico tiveram no atendimento aos pacientes, o que pode retardar o diagnóstico de câncer bucal, tendo casos mais graves quando chegam enfim ao diagnóstico”.
Para Paulo Sergio da Silva, esse diagnóstico é realizado através de biópsia incisional, onde, na análise histopatológica, haverá a conclusão diagnóstica e, então, o encaminhamento para o tratamento do câncer especificamente, realizado por um médico especialista em cirurgia de cabeça e pescoço e/ou oncologista. “O Cirurgião-Dentista é capacitado para examinar a boca à procura de lesões que possam ter característica potencialmente maligna ou já de malignidade, incluindo as informações do histórico médico e da evolução das alterações bucais. É importante ressaltar, também, que cuidados especiais estão relacionados com hábitos, principalmente o tabagismo e a associação com o uso de álcool em bebidas destiladas, a exposição ao sol sem proteção dos lábios e dieta com gorduras muito queimadas são preocupações pertinentes”, completou.
Por Michelle Calazans e Camila Melo, Ascom CFO
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