No Dia dos Namorados, o CFO esclarece: há riscos de contaminação e transmissão de doenças pelo beijo

O Sistema Conselhos de Odontologia lembra que os cuidados com a saúde bucal também são um gesto de amor e reforça importância das consultas odontológicas ao menor sinal de alterações na cavidade bucal

Neste Dia dos Namorados, o Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais de todo país alertam: os cuidados com a saúde bucal também são um gesto de amor. O beijo é importante manifestação de carinho, mas pode ser fonte de contaminação para patologias graves. Por isso, a importância de orientações sobre os fatores de risco e formas de prevenção, destacando-se a mensagem de que uma boca saudável é sinônimo de proteção. Neste contexto, o Sistema Conselhos de Odontologia destaca que cirurgiões-dentistas possuem papel fundamental no diagnóstico precoce de infecções instaladas, fator decisivo para a saúde e bem-estar geral dos pacientes.

A principal via de transmissão de doenças pelo beijo é a troca direta de saliva, que pode veicular diversos agentes infecciosos, como vírus, bactérias e, menos frequentemente, fungos. Durante o beijo, esses micro-organismos são transferidos de uma pessoa para outra, podendo provocar doenças, particularmente quando há lesões orais ativas, feridas ou inflamações na mucosa bucal, que facilitam a entrada de patógenos no organismo. As orientações fazem parte do programa CFO Esclarece, criado pela autarquia com objetivo de levar orientações aos cirurgiões-dentistas brasileiros e à população em geral.

O vice-presidente do Conselho Federal de Odontologia, Nazareno Ávila, esclarece que a simples presença de um agente infeccioso na saliva não garante, por si só, o desenvolvimento de doenças. Mesmo assim, é de fundamental importância que a população tenha consciência sobre os riscos de contaminação e receba informações sobre as formas de prevenção e a importância da busca por atendimento no tempo adequado.

“O Dia dos Namorados é uma data que nos remete a bons sentimentos e afetividade, mas queremos reforçar que os cuidados com a saúde bucal também são um importante gesto de amor. Por isso, nesse Dia dos Namorados, deixamos essa mensagem aos cidadãos de todo país: mantenham uma rotina de consultas regulares aos cirurgiões-dentistas e, ao menor sinal de anormalidade na boca, procure atendimento odontológico de forma imediata. O diagnóstico precoce é fundamental para proteção da sua saúde, assim como a do seu companheiro ou companheira”, ressalta Nazareno Ávila.

O cirurgião-dentista especialista em Estomatologia, Patologia Oral e Odontologia Hospitalar, Alan Roger dos Santos Silva, complementa que o beijo representa uma via reconhecida de transmissão, mas esclarece que o risco efetivo varia de caso para caso. “A progressão clínica depende de uma interação multifatorial, envolvendo condições locais e sistêmicas do indivíduo exposto, como integridade da mucosa, carga viral ou bacteriana, tempo de exposição e condição imunológica do indivíduo. Desta maneira, embora o beijo represente uma via potencial de transmissão, o risco real está condicionado a diversos fatores biológicos e comportamentais”.

O cirurgião-dentista Keller de Martini, especialista em Odontologia Hospitalar e membro do Grupo de Trabalho de Assistência Odontológica do CFO, destaca que a saliva é um fluido biológico extremamente útil e versátil, sendo importante que a população não a enxergue como uma vilã da saúde. “A saliva possui funções protetoras, digestivas e diagnósticas e pode inclusive ser usada para detectar várias doenças por métodos não invasivos. No entanto, também é um veículo relevante na transmissão de patógenos. O importante é que as pessoas saibam de tudo isso e conheçam os riscos associados a ela. Informação é uma ferramenta poderosa quando o assunto é prevenção”, aponta.

Principais doenças transmitidas pela saliva
Entre patologias frequentemente associadas à transmissão pela saliva está a infecção popularmente conhecida como “doença do beijo”, causada pelo vírus Epstein-Barr (mononucleose infecciosa), que pode causar febre, dor na garganta e gânglios, com inflamações que se espalham pelo pescoço e seguem até as axilas. Síndromes respiratórias, como a gripe e o resfriado comum, também estão na lista.

“Ainda podemos destacar o HSV-1 e o Citomegalovírus (CMV), dois tipos de vírus da família do herpes, e o coronavírus, responsável pela COVID-19, entre os principais agentes infecciosos potencialmente transmitidos pela saliva”, complementa Keller de Martini.

Embora a via predominante de transmissão das ISTs (Infecções Sexualmente Transmissíveis) para a boca seja o sexo oral, o beijo profundo pode representar um risco em situações específicas, destacando-se o papilomavírus humano (HPV), sífilis e gonorreia orofaríngea.

Cárie pode ser transmitida pela saliva?
A cárie dentária é uma doença causada por múltiplos fatores, de natureza crônica, que resulta da interação entre microrganismos cariogênicos naturalmente presentes na cavidade oral, dieta rica em açúcares fermentáveis, suscetibilidade do hospedeiro e tempo de exposição. Os microrganismos associados à cárie, especialmente Streptococcus mutans e Lactobacillus spp., podem ser transmitidos de uma pessoa para outra por meio da saliva. Isso, no entanto, não indica que haverá o desenvolvimento da cárie, que não é considerada uma doença contagiosa.

“É importante esclarecer que a simples transmissão bacteriana não é suficiente para o desenvolvimento da doença cárie. É necessário que o ambiente bucal da pessoa exposta favoreça a atividade desses microrganismos, ou seja, que haja consumo frequente de açúcares, má higiene oral e ausência de fatores protetores, como o uso regular de creme dental fluoretado”, explica o cirurgião-dentista Alan Roger.

Formas de prevenção
As principais formas de prevenção de contaminações pelo beijo são: evitar beijar pessoas com sintomas visíveis, como feridas na boca, febre ou sinais de infecção; manter boa higiene bucal e cuidados com a saúde geral; não compartilhar objetos pessoais como copos, talheres ou escovas de dente; evitar beijos quando há surtos de doenças; e por fim, zelar pela manutenção cuidadosa do esquema de vacinação recomendado pelo Sistema Único de Saúde (SUS).

O papel do cirurgião-dentista no combate às contaminações
O Sistema Conselhos de Odontologia destaca que o cirurgião-dentista possui papel fundamental na prevenção e combate às doenças potencialmente transmissíveis pelo beijo, podendo atuar em várias frentes. Eles podem orientar seus pacientes sobre as formas de contaminação pela saliva e os principais comportamentos de risco; além de reforçar a importância das consultas regulares aos consultórios odontológicos e de bons hábitos de higiene bucal em casa.

Os profissionais atuam ainda no diagnóstico das infecções já em curso, através da realização de exames clínicos regulares para identificação de lesões orais suspeitas ou de sinais de infecções. Além disso, quando confirmado um diagnóstico, os cirurgiões-dentistas podem atuar no controle e tratamento de lesões ativas e, sempre que necessário, realizar o encaminhamento para atendimento especializado.

“Cirurgiões-dentistas especialistas em Estomatologia são a primeira linha de profissionais para o diagnóstico e tratamento de doenças da boca no contexto das ISTs e de outros quadros causados por vírus, bactérias e fungos. Ele também pode atuar com equipes multidisciplinares, de acordo com a necessidade de cada caso, sendo que, muitas vezes, o atendimento especializado é fundamental para que a doença não evolua de forma negativa e que consigamos dar aos pacientes boas condições de recuperação”, conclui o cirurgião-dentista Alan Roger.