MP vai processar secretaria e dentista que tirou todos os dentes de jovem em Brasília

Jovem tem todos os dentes arrancados por dentista em Brasília. O Ministério Público do Distrito Federal e Territórios vai entrar com uma ação contra a Secretaria de Saúde local por danos morais e materiais, e contra o cirurgião-dentista que extraiu todos os dentes de um adolescente de 17 anos, no Hospital da Asa Norte , em Brasília. De acordo com uma radiografia, apenas dois dentes de César Oliveira Ferreira deveriam ser arrancados. O dentista teria descoberto, na hora da cirurgia, uma patologia na gengiva de César e resolveu arrancar todos os dentes, sem autorização da família.

O dentista pode ser exonerado do cargo e ter o registro profissional suspenso. Além disso, o profissional pode ser indiciado criminalmente. Ele e a coordenadora do setor de odontologia do hospital foram afastados da função.

– A princípio, por lesão corporal de natureza grave. Ele ficou sem a função de mastigação, ou seja, está sem os dentes e isso gera consequências. Até um corte de cabelo tem que ser autorizado. Se você cortar o cabelo de alguém sem autorização é considerado lesão corporal – explica o delegado Laércio Rosseto.

O Conselho Regional de Odontologia do Distrito Federal (CRO-DF) abriu um processo ético para investigar a atitude do cirurgião-dentista do Hospital Regional da Asa Norte (Hran) e prometeu à família a reparação integral dos dentes de César . O tratamento começa no próximo mês.

– Gostei muito do que ele falou. O tratamento vai começar o mais breve possível. Até o Natal ele vai estar com os dentes novos na boca. É o que nós esperamos – disse a dona de casa Maria Oliveira, mãe de César.

Segundo os dentistas, até o Natal é possível que César tenha uma dentição provisória. O processo de implante é mais demorado e depende da reação de cada paciente.

O presidente do CRO-DF, Júlio César, disse que profissional infringiu o código de ética por não orientar a família sobre os riscos e o plano de tratamento. O caso será investigado por quatro conselheiros e o processo deve durar pelo menos quatro meses.

Depois que teve os dentes arrancados, o adolescente, que é aluno da Associação dos Pais e Amigos dos Excepcionais (Apae), não quis mais ir às aulas desde que ficou sem os dentes. Ele tem vergonha.

– Eu cuidei muito tempo do sorriso dele para ser tirado assim, de uma hora pra outra. Quero o sorriso dele de volta – diz a dona de casa Maria Oliveira, mãe de César.

Com a promessa do Conselho, César sonha com um novo sorriso.

– Quero ter meus dentes de volta. Vou voltar a estudar e ser o que eu era antes – diz ele.

Fonte: O Globo Online – 21/10/09