Há riscos de alergia em procedimentos odontológicos?

Alergia ou não?  Na dúvida,  procure seu cirurgião-dentista

Banner Alergia na Odontologia 190x140pxAlergia a medicamentos são resultados de hipersensibilidade do organismo que chamamos de reações imunológicas, diz o professor de Farmacologia da pós-graduação da Escola de Aperfeiçoamento Profissional da ABO-RN, o cirurgião-dentista Gláucio de Morais e Silva. Em Odontologia, segundo ele, essas reações são pouco comuns, podendo ser desencadeadas pelo uso de diversos materiais utilizados na prática clínica, como os evidenciadores de placa, os branqueadores dentais, a aplicação tópica de flúor, o látex das luvas e os elásticos ortodônticos, o creme dental, as resinas acrílicas e as compostas, ligas metálicas presentes nos acessórios e fios nos tratamentos ortodônticos e, principalmente, as decorrentes da prescrição medicamentosa de analgésicos, anti-inflamatórios, antimicrobianos, anticoagulantes, anestésicos locais entre outros.

As alergias são imprevisíveis e podem se manifestar dependendo do intervalo de tempo entre a última administração do medicamento e início das reações alergênicas, sendo descrita como imediata (ocorrem dentro de 1 hora) ou não imediata (após 1 hora). As reações podem variar de uma erupção cutânea (manchas ou feridas na pele) com prurido, vermelhidão e inchaço facial grave e inchaço das vias respiratórias, febre, broncoespasmo (falta de ar e até anafilaxia – uma reação com risco de morte) que necessitam de tratamento imediato.

Embora raras, as reações graves também podem ocorrer, e se o paciente, após tomar um medicamento, perceber a ocorrência de sinais e sintomas como inchaço ou aperto das vias respiratórias ou na garganta (edema de glote), pulso rápido, tontura, vertigens, hipotensão        (pressão muito baixa), perda de consciência, então o paciente deve ser conduzido ao atendimento de emergência, pois esses sinais podem indicar a anafilaxia (que poderá vir a ser o choque anafilático) e apresentar risco de morte que exige tratamento imediato.

Segundo Dr. Gláucio não se pode confundir a reação alérgica com intoxicação sistêmica pelo flúor, que é um efeito colateral e apresenta-se como fluorose (manchas escuras nos dentes) decorrentes da ingestão crônica que pode causar desde sintomas mais leves que incluem mal estar gástrico e vômitos, e, dependendo da dose, a intoxicação pode levar à morte. O uso de fluoreto tem sido considerado a principal explicação para a diminuição de cárie dental em todo o mundo, e ao ser usado racionalmente em odontologia, é considerado seguro. O tratamento com flúor deve ser prescrito e, sob orientação do dentista, evita-se, assim, a automedicação.

Muitas pessoas acham que “reação alérgica” pode ser de cunho emocional, até mesmo pelo medo de estar na cadeira do dentista em tratamento. De acordo com o professor, devido à similaridade nos sinais e sintomas, as reações de hipersensibilidade (alérgicas) às vezes podem ser confundidas nas diferentes situações. Essas respostas psicogênicas são muitas vezes diagnosticadas erroneamente como reações alérgicas.

Em caso de ocorrência, após a administração do medicamento, os sintomas são urticária (coceira), edema (inchaço dos lábios, língua ou rosto), erupções cutânea, entre outros. Nesses casos, o paciente deve entrar em contato com o cirurgião-dentista para suspender imediatamente a medicação, ou procurar um serviço de pronto atendimento” diz Dr. Gláucio.

Atenção – com relação específica aos anestésicos locais utilizados em extração dentária, embora seja extremamente rara (menos de 20 casos em 50 anos), podem ocorrer reações alérgicas. Geralmente, é devido à presença de outras substâncias que compõem a fórmula da solução anestésica. O cirurgião-dentista deve estar preparado para as situações de emergência no consultório. Apesar de as reações alérgicas não serem consideradas muito frequentes, deve-se ficar atento ao aparecimento dos sintomas que indiquem a ocorrência e informar ao cirurgião-dentista, a fim de possibilitar a interrupção do medicamento ou substituição dele.

Comunicação do CFO