Exposição francesa “Epidemik” faz estreia nacional no Rio. Um videogame coletivo, montado em um grande tabuleiro eletrônico de 270m², no qual mais de 40 jogadores, simultaneamente, simulam e enfrentam situações de crise epidêmica, é uma das principais atrações da exposição Epidemik, que estreou no Rio de Janeiro no último dia 19/10, no Centro Cultural da Ação da Cidadania. A iniciativa – uma parceria entre a Sanofi-Aventis e a Fiocruz – integra a programação cultural do Ano da França no Brasil. Criada pelo Museu La Cité des Sciences et de l”Industrie de la Villette, em Paris, a exposição Epidemik conta com tecnologia inédita desenvolvida pela francesa Stratosphère, que tem no currículo trabalhos na Ponte Charles de Gaulle e no Palais des Congrès de Paris. “Trazer a exposição para o contexto brasileiro é mais do que conferir um toque local: é mostrar as dimensões culturais específicas das epidemias”, disse o presidente da Fiocruz, Paulo Gadelha.
De acordo com Gadelha, “Epidemik oferece ao público um aprendizado de maneira lúdica e informativa. E as instituições que participaram da montagem da exposição também aprenderam muito com a experiência”, completou. “É muito bom para o Rio de Janeiro sediar uma exposição como esta, que combina ciência, tecnologia e arte”, afirmou a secretária municipal de Cultura do Rio de Janeiro, Jandira Feghali.
“Epidemik é fruto de uma parceria singular, que reuniu empresas, institutos de pesquisa, universidades e governos. O mais importante é sua mensagem educativa. Ela mostra aos jovens que é possível lutar contra as doenças. Nosso objetivo é difundir o conhecimento em todos os níveis e aperfeiçoá-lo”, destacou o vice-presidente de Acesso a Medicamentos do Grupo Sanofi-Aventis, Robert Sebag. “Queremos que o público compreenda os aspectos sanitários, sociais e políticos das epidemias”, ressaltou o cônsul-geral da França no Rio, Hugues Goisbault.
Videogame
O videogame simula cinco diferentes cenários, conhecidos ou fictícios: Gripe aviária em Singapura, Ataque biológico terrorista em Nova Iorque, Malária e Aids na África e na Ásia e, especialmente desenvolvido para o Brasil – com conteúdo e iconografia preparados pelas equipes da Fiocruz –, Dengue no Rio de Janeiro. Ao pisar no tabuleiro, cada jogador recebe uma aura individual projetada no solo que o acompanha durante toda a simulação e vai indicando seu estado de saúde em função das atitudes preventivas que assume ou de providências que toma para se tratar, sempre orientados por uma tela gigante. Vinte monitores auxiliarão os participantes durante o jogo, que também é acessível a cadeirantes. Totalmente gratuita, a exposição é dirigida à população em geral, principalmente aos jovens estudantes.
Epidemik ocupa uma área de mais de 1,2 mil m², divida em dois blocos. A primeira parte aborda a história milenar dos homens e das epidemias e faz uma retrospectiva do tema desde o período Neolítico, passando pela Antiguidade, a Idade Média e a Revolução Industrial, até os dias atuais. A proposta é discutir as condições que favorecem o surgimento das epidemias, os meios que foram utilizados para combatê-las e o impacto que tiveram sobre a vida das populações. Obras de artistas franceses servem de fio condutor para traçar uma linha do tempo e situar as diferentes epidemias ao longo dos séculos. Já obras brasileiras do acervo da Mapoteca da Biblioteca Nacional, do Museu do Exército, da Fiocruz e do Instituto Butantan recuperam momentos marcantes da história das epidemias no país. O videogame coletivo é o destaque do segundo bloco.
Impacto das epidemias
A exposição propõe uma abordagem inovadora para que o visitante tenha um entendimento mais profundo do impacto das várias epidemias ocorridas ao longo dos séculos sobre a humanidade. Além de jogos eletrônicos, a mostra oferece rico conteúdo histórico e jornalístico, em seis seqüências de filmes, contendo gravuras, pinturas, documentos, fotos e reportagens contemporâneas e históricas, projetadas em um afresco de 12 metros. Esses diferentes materiais revelam a visão de quem vivenciou as crises epidêmicas, o que inclui depoimentos de pacientes, familiares e profissionais da saúde. São dezenas de relatos reais oriundos de diferentes regiões do mundo, como o de uma sobrevivente da gripe espanhola, de 1918, ou de mulheres africanas que sofrem da doença do sono, sempre com ênfase nas relações entre o homem e o meio ambiente, interligando aspectos biológicos e culturais.
O objetivo central é mostrar um panorama das principais epidemias mundiais e do comportamento das populações em situações de crise, com destaque para os aspectos sociais e culturais, mas sem esquecer as questões relacionadas às descobertas científicas e aos avanços na gestão das políticas de saúde pública. Epidemik apresenta os desafios que uma epidemia pode impor à sociedade e chama a atenção para o papel que cada um, cidadão ou autoridade pública, pode e deve assumir para prevenir situações de calamidade.
Da França com toque brasileiro
Originalmente criada pelo museu La Cité des Sciences et de l”Industrie de La Villette, de Paris, Epidemik foi inaugurada em outubro de 2008, onde deve permanecer até 2010. A exposição teve o suporte de um comitê curador formado por renomados cientistas franceses, de instituições reconhecidas mundialmente como o Instituto Pasteur e o Institut National de la Santé et de la Recherche Médicale (Inserm), entre os quais epidemiologistas, imunologistas, sanitaristas, sociólogos, engenheiros e antropólogos.
A versão especialmente montada para o Brasil, além de integrar o acervo integral da exposição francesa, incorpora outros temas diretamente ligados à realidade da população do país, como depoimentos, reportagens e outros materiais sobre dengue, meningite, Aids, hanseníase, tuberculose, doença de Chagas e febre amarela, entre outros conteúdos desenvolvidos pela Fiocruz, com o apoio do Instituto Butantan.
A versão brasileira de Epidemik teve como coordenador geral o diretor do Centro de Relações Internacionais em Saúde e ex- presidente da Fiocruz, Paulo Buss. Já a curadoria no Brasil ficou sob a responsabilidade da antropóloga da Fundação, Gisele Catel. A mostra permanece no Rio de Janeiro até 24 de novembro e o público estimado de visitação deve superar 60 mil pessoas.
Serviço
Exposição Epidemik: o impacto das epidemias na sociedade ao longo dos séculos
Entrada franca
Período: 20 de outubro a 24 de novembro
Horário: 8h30 às 19h30
Telefone para agendamento das visitas escolares: 21-3865-2128, das 9h às 17h
Local: Centro Cultural da Ação da Cidadania
Avenida Barão de Tefé 75 (entrada pela rua Coelho E. Castro)
Bairro da Saúde, Rio de Janeiro – RJ
(Foto: S. Chivet/CSI image)
Fonte: Agência Fiocruz de Notícias