Dia mundial sem tabaco: nova campanha do Ministério da Saúde é impactante, mas não cita câncer bucal

O ministro da Saúde, José Gomes Temporão, lançou no dia 27 de maio as novas imagens de advertência sanitárias das embalagens dos produtos de tabaco. O evento faz parte das comemorações do Dia Mundial sem Tabaco, que acontece no próximo sábado, dia 31 de maio. O estudo foi desenvolvido, entre 2006 e 2008, pelo Inca (Instituto Nacional do Câncer), em parceria com os Laboratórios de Neurobiologia da Universidade Federal do Rio de janeiro (UFRJ) e de Neurofisiologia do Comportamento da Universidade Federal Fluminense (UFF), o Departamento de Artes & Design da Pontifícia Universidade Católica do Rio de Janeiro (PUC-Rio) e a Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). “As imagens são fortes. Elas radicalizam a linha que vinha sendo adotada pelo Ministério da Saúde, mas foram construídos por um conjunto de evidências. Há toda uma avaliação para fortalecer essa estratégia”, afirmou o ministro.

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Câncer de Boca

Pela primeira vez desde que a campanha começou a usar imagens, em 2001, as fotos e mensagens foram produzidas e selecionadas com base em um estudo sobre o grau de aversão que as ilustrações podem gerar. No entanto, chama a atenção a ausência de uma imagem que alertasse para o perigo do câncer de boca, uma das neoplasias de maior incidência no país.

Para o presidente do Conselho Federal de Odontologia (CFO), Miguel Nobre, a ausência não coincide com o tratamento que a saúde bucal vem recebendo do governo federal, em especial do Ministério da Saúde. “Infelizmente, o câncer de boca vem crescendo nos últimos anos, o que motivou, inclusive, ações do próprio ministério no sentido de difundir na rede pública a importância do auto-exame como forma de prevenção”, destaca, antes de reiterar que o fumo é apontado pelos especialistas, ao lado do álcool, como principal fator causador da doença.

De fato: o câncer de boca, que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca), acomete principalmente tabagistas e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra.

O câncer de boca está entre os que mais matam no Brasil, segundo o Inca. Em 2005, entre os homens foram 9.985 casos e entre as mulheres, 3.895. Em 2006, foram 10.060 casos e 3.410, respectivamente. Quase 40% dos casos da doença acabam em morte, porque 70% dos diagnósticos são feitos quando a lesão já atingiu um estágio avançado. Para 2008, as estimativas do Inca são de 10.380 casos entre homens, e 3.780 entre mulheres.

Nova campanha tem imagens mais impactantes

A pesquisa mediu a reação emocional de 212 jovens entre 18 e 24 anos, fumantes e não fumantes, de três faixas de escolaridade (ensino fundamental, médio e superior), divididos igualmente em homens e mulheres. “O nosso foco são os jovens. Nós percebemos que a indústria desenvolve estratégias para capturar essa garotada e queremos mostrar a outra face da realidade”, explicou Temporão. “As imagens têm o objetivo de provocar repulsa pela utilização de um produto que pode causar aquele tipo de lesão que está sendo demonstrada”, acrescentou Luiz Antônio Santini, diretor-geral do Inca.

O Brasil foi o segundo país, após o Canadá, a adotar imagens de advertência como estratégia para diminuir a prevalência e evitar a experimentação do cigarro por jovens e adolescentes. Desde 2001, os fabricantes de produtos de tabaco são obrigados, por lei, a inserirem advertências sanitárias ilustradas com fotos. Quase 90% dos fumantes regulares começam a fumar antes dos 18 anos, fazendo com que a Organização Mundial da Saúde (OMS) considere o tabagismo uma doença pediátrica. As imagens fazem parte de um conjunto de medidas propostas pelo Programa Nacional de Controle do Tabagismo que, nos últimos 20 anos, vem obtendo resultados positivos, como a redução da proporção de fumantes na população de 34,8%, em 1989, para 22,4%, em 2003.

Com informações do Ministério da Saúde e do Instituto Nacional do Câncer – www.inca.gov.br

Rio de Janeiro – RJ