Neste 31 de maio, Dia Mundial Sem Tabaco, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) alerta, com o apoio dos Conselhos Regionais, sobre as doenças geradas pelo uso do tabaco (cigarros, charutos, cachimbos, narguilés e produtos feitos por rolos) na cavidade oral, bem como, as complicações que o tabaco pode causar aos pacientes acometidos pelo novo Coronavírus. Isso porque, segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), fumantes têm entre duas a três vezes mais chance de ficar doente do que uma pessoa que não fuma.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), a incidência estimada de câncer na cavidade oral, em 2020, no Brasil, é de 11.200 novos casos em homens, conforme a localização primária do tumor. Em mulheres, a previsão é de 4.010 novos casos neste ano. Estudos do INCA detalham, também, que 428 pessoas morrem por dia no Brasil, por causa da dependência de nicotina. Estima-se, que R$ 56,9 bilhões são investidos a cada ano devido a despesas médicas e redução de produtividade, e 156.216 mortes anuais – principalmente, o câncer – poderiam ser evitadas.
Nesse contexto de pandemia, em que o convívio familiar foi prolongado, é importante ressaltar os malefícios do tabaco aos fumantes passivos, que não são dependentes da droga, mas têm a saúde afetada devido à poluição tabagística. De acordo com o INCA, as crianças, principalmente as mais novas, são as mais prejudicadas por conta dessa exposição. Estudo realizado pela OMS, envolvendo 700 milhões de crianças que vivem com fumantes em casa – cerca de metade das crianças do mundo –, evidenciou que elas apresentaram um aumento de incidência de pneumonia, bronquite, exacerbação de asma, infecções do ouvido médio, síndrome da morte súbita infantil; além de maior probabilidade de desenvolvimento de doença cardiovascular na idade adulta. O risco de infecções respiratórias e de ouvido também são maiores às crianças, em caso de mães fumantes.
Por isso, é fundamental a conscientização social sobre o impacto do tabagismo à saúde, considerando a fragilização da imunidade, a diminuição da capacidade respiratória (troca de gases para a perfeita oxigenação celular), geradas pelo uso do tabaco. Portanto, espera-se que o fumante tenha mais agravos que o não fumante, quando acometido pela Covid-19, explica o professor em Clínica Integrada Profissionalizante e Odontogerontologia, da Faculdade de Odontologia de Ribeirão Preto (Universidade de São Paulo), o Cirurgião-Dentista Vinícius Pedrazzi.
Segundo o Cirurgião-Dentista, dados da China mostraram que, os homens tiveram resultados mais graves de COVID-19 do que as mulheres. “’Nota-se que entre os chineses a prevalência de tabagismo é muito alta entre homens, quando comparados com as mulheres, o que sugere a hipótese de que fumar pode ser um fator de risco para um prognóstico ruim. Também há maior prevalência de comorbidades, muitas das quais relacionadas a doenças do tabaco, em pacientes com COVID-19 grave, com histórico de tabagismo”, pontuou.
O especialista explica, ainda, que o tabagismo atua na enzima conversora de angiotensina-2, (ACE2), o receptor de entrada celular do vírus, o que poderia explicar maior risco de Covid-19 grave em fumantes. Entre as doenças provocadas pelo tabaco, as principais são: Halitose (mau hálito); câncer bucal (denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral – mucosa bucal, gengivas, palato duro, e assoalho da boca); e doença periodontal (processo inflamatório crônico da gengiva e/ou dos tecidos de suporte dos dentes).
Além disso, a fumaça do cigarro provoca o ressecamento da boca e inibe a produção de saliva. Dessa forma, parte das substâncias consumidas permanece na cavidade oral e é digerida, exalando odores que provocam a halitose. As próprias substâncias produzidas pela combustão do tabaco presentes no cigarro se alojam nos pulmões, garganta e nariz e também ajudam a aumentar os odores desagradáveis que geram o mau hálito. A severidade da doença periodontal está relacionada com a duração e a quantidade de cigarros fumados por dia. Após 40 anos, consumo de álcool, má higiene bucal e uso de próteses dentárias mal ajustadas representam fatores decisivos que podem levar ao câncer de boca.
Por Verônica Veríssimo, Ascom CFO / Com informações do INCA.
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