Dia dos Avós: Odontogeriatria é especialidade com potencial de mercado para Cirurgiões-Dentistas

Nesta terça-feira, 26 de julho, é comemorado o Dia dos Avós. O Conselho Federal de Odontologia (CFO) destaca a importância da data para reforçar não só a importância da saúde bucal aos idosos, mas também para evidenciar a Odontogeriatria como uma especialidade com potencial de demanda de mercado para a Classe Odontológica.

A Odontogeriatria é considerada uma especialidade relativamente nova, reconhecida pelo CFO no ano de 2000. Tem por objetivo levar a Odontologia preventiva, reabilitadora e curativa aos idosos. Muito além da saúde bucal e da saúde geral, a Odontogeriatria também proporciona autoestima, conforto, socialização, alimentação, estética, entre outros aspectos para pessoas acima de 60 anos.

Considerando que a população brasileira manteve a tendência de envelhecimento dos últimos cinco anos, com um crescimento de 17% da população idosa, esse cenário prevê uma oportunidade de nicho de atendimento por parte dos Cirurgiões-Dentistas. Segundo a Organização Mundial da Saúde (OMS), o país será a quinta população mais idosa do mundo em 2030. Pessoas com mais de 60 anos representa 11% da população geral, de acordo com o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). Além disso, o número de idosos ultrapassará o total de crianças entre zero e 14 anos, em 2030.

De acordo com dados do CFO, em um universo de 376.844 Cirurgiões-Dentistas, 274 são especialistas em Odontogeriatria, um número ainda pequeno e que pode ser ainda mais explorado, conforme explica o presidente do Conselho Federal de Odontologia, Juliano do Vale. “Falar dos idosos é falar de um público que aumenta a cada ano no Brasil. A atenção à saúde bucal do paciente geriátrico é fundamental para proporcionar bem-estar, qualidade de vida e, até mesmo, acolhimento. É preciso cuidar de nossos avós e, com o crescimento dessa população, a Odontogeriatria pode ser considerada como uma das profissões do futuro e, também, do presente da Odontologia”.

Cirurgiã-Dentista com atuação em Home Care e Day Clinic há 30 anos, Denise Tibério também acredita na Odontogeriatria como uma profissão do futuro. “Os jovens de hoje serão os idosos de amanhã e, por sua vez, estes jovens estão valorizando mais o cuidado com os dentes”, explicou Tibério, que também é doutora em Saúde Coletiva pela UNIFESP e especialista em Geriatria e Gerontologia.

A atuação do Cirurgião-Dentista, especializado em Odontogeriatria, é ampla. O profissional pode trabalhar em diversas áreas/espaços:

  • Consultório Fixo; (onde o idoso pode apresentar doença crônica, ou cognitiva leve, porém é independente e possui autonomia para decidir o planejamento);
  • Odontologia Domiciliar; (onde o idoso está limitado quanto a capacidade funcional e/ ou cognitiva. Nessa modalidade há todo um treinamento e uma abordagem a família e ao cuidador. Pode também ser necessário atendimento em ILPs – instituição de longa permanência);
  • Âmbito Hospitalar; (onde a colaboração do idoso inexiste – nessa modalidade, há necessidade de treinamento quanto a abordagem ao idoso)

Para a especialista, o Brasil está envelhecendo de maneira galopante e há necessidade de profissionais que atuam nessa área, pois, até o momento, poucos profissionais estão capacitados para atuar com esse público que possui singularidades quando comparados com o adulto. “O acadêmico de Odontologia pouco conhece a Odontogeriatria, pois são poucas as faculdades que oferecem essa oportunidade dentro da grade acadêmica. Além disso, o ageísmo [preconceito ao idoso] também faz com que muitos não busquem essa área. Esquecem que irão envelhecer e certamente irão preferir um profissional que domine a Odontologia e tenha conhecimento em Gerontologia, porque o idoso é diferente de um adulto”, explicou.

Saúde Bucal para o Idoso

A Odontogeriatria tem como premissa entender o envelhecimento, adequar a cada paciente a tecnologia, habilidade e o bom senso embasado na ciência para o sucesso do planejamento. Dessa forma, aprender a abordagem, entender as doenças sistêmicas não-transmissíveis e suas repercussões na cavidade oral, além de farmacologia geriátrica, exames complementares no idoso, a família, o cuidador, são algumas atribuições que fazem parte do trabalho de um Odontogeriatra.

Atualmente, a situação encontrada na cavidade bucal do idoso – principalmente o mais idoso, com 80 anos ou mais – possui duas reflexões: A primeira é a de que a Odontologia de décadas passadas era mutilatória; a segunda, há o mito que perder os dentes faz parte do envelhecimento. “Hoje, estamos vendo uma mudança lenta da real situação da cavidade bucal, pois falta uma política de prevenção ampla para essa faixa etária”, explica a especialista.

Assim sendo, é comum encontrar idosos desdentados, parcialmente dentados, usuários de próteses fixas, com doença periodontal, raízes residuais, cáries radiculares, muitos com a queixa de boca seca, ou com periimplantite (doença infecciosa, causada por bactérias da placa bacteriana).

Dicas para um cuidado com a saúde bucal do idoso:

1) Escovas com cerdas macias pois a mucosa do idoso é mais friável (no mínimo, 2 vezes ao dia, a principal é feita antes de se deitar);
2) Fio dental, que complementa a escovação;
3) Enxaguatório sem álcool;
4) Retirar as próteses móveis durante a noite;
5) Estimular a salivação por meio do aumento da frequência da mastigação;
6) Ir ao Odontogeriatra como rotina para avaliar a mucosa (prevenção de lesões) e adequar os itens de higiene.

Ascom CFO
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