Durante a gestação surgem uma série de mudanças físicas e fisiológicas. Por este motivo é importante que a mulher cuide também da saúde oral.
De acordo com o mestre e doutor em odontologia, Hugo Lewgoy, a informação de que a gravidez deixa os dentes fracos não é verdadeira.
“A gravidez não é responsável pelo surgimento de cáries ou doenças gengivais, pois não ocorre, como se imagina, a perda de minerais [cálcio e fosfato] dos dentes da mãe para formar os ossos ou os dentes do bebê”, explica.
Ainda de acordo com o especialista, normalmente, os “dentes de leite” se formam a partir da sexta semana de gestação e os dentes permanentes a partir do quinto mês da vida intrauterina. Por essa razão, o uso de alguns medicamentos ou infecções não tratadas podem ocasionar em problemas na dentição do bebê e não da mãe.
“Na realidade, o aumento das cáries nas gestantes ocorre devido a alterações nos hábitos alimentares [uma dieta mais rica em carboidratos e a ingestão de alimentos em intervalos menores] e, principalmente, pela maior formação da chamada placa bacteriana, placa dental ou biofilme oral sobre os dentes. De uma forma quase inconsciente a gestante não realiza a escovação da forma adequada, pois a escova dental induz ao enjoo e isto provoca o maior acúmulo da placa sobre os dentes”, comenta Lewgoy.
Veja abixo os mitos e as verdades sobre a saúde bucal durante a gravidez:
• Deve-se evitar o uso de antisséptico bucal.
Verdade. Os antissépticos são produtos químicos que devem sempre ser utilizados sobre a supervisão de um cirurgião-dentista ou do médico responsável. Durante o chamado período pré-natal, a gestante deve evitar a utilização dos antissépticos, a não ser em casos específicos. Muitos antissépticos possuem álcool em sua formulação e isto pode provocar o ressecamento da mucosa oral.
• As gestantes sempre têm problemas periodontais durante a gravidez.
Mito. Da mesma forma que a gravidez não causa cáries também não causa problemas periodontais ou inflamação gengival. O tecido de suporte dos dentes é composto pela gengiva, osso e ligamento periodontal. Porém, devido a alterações hormonais, ocorre uma maior vascularização gengival durante a gestação. A gengiva fica mais susceptível, no entanto o que causa a inflamação (gengivite ou periodontite) é a placa bacteriana, e não a gravidez.
• A gestante pode realizar tratamento oral.
Verdade. Porém, o ideal (desde que não exista nenhuma urgência) é que o atendimento ocorra no segundo trimestre da gravidez. Nesta fase a gestante encontra-se em um período de maior estabilidade gestacional, o período de embriogênese, onde ocorre a maior diferenciação, a multiplicação celular já passou (primeiro trimestre) e a data do parto ainda está distante.
• Higienizar a língua durante a gestação pode causar enjoo.
Mito. Para manter o hálito puro e saudável, a língua deve ser higienizada, pois é nesta região que as bactérias ficam alojadas. A higienização deve ser feita diariamente, preferencialmente, todas as manhãs com um higienizador e não com escovas, para evitar enjoo.
Fonte: eBand – 26/04/2011