Comissão de Seguridade Social discutiu, em audiência pública, a inclusão de CDs nas equipes de UTIs

Tratar da saúde bucal pode diminuir o tempo de internações hospitalares, reduzir custos e evitar a mortalidade de pacientes internados. Essa é a opinião dos especialistas que estiveram presentes à audiência pública da Comissão de Seguridade Social e Família nesta quinta-feira. Eles defenderam a aprovação do Projeto de Lei 2776/08, que torna obrigatória a presença de um cirurgião-dentista nas Unidades de Terapia Intensiva (UTIs) e de dentistas em clínicas ou hospitais, públicos ou privados, em que existam pacientes internados.

De acordo com dados apresentados doutora em Saúde Pública pela Universidade de São Paulo Maria Christina Brunetti, em 2003, 54% dos jovens brasileiros entre 15 a 19 anos tinham doença periodontal em algum estágio. O percentual subia para 93% na população entre 65 a 74 anos. A doença periodontal é uma infecção da gengiva e dos ossos que suportam a arcada dentária e pode levar à perda de dentes.

Maria Christina defendeu o tratamento bucal nas UTIs como meio para salvar vidas. “O paciente que vai para a UTI é um paciente que está imunocomprometido”, explicou Maria Christina. A falta de higiene bucal propicia o acúmulo de placa bacteriana. Essas bactérias, explicou a doutora, podem ocasionar pneumonia e causar a morte do paciente internado por outro problema.

Ainda segundo Maria Christina, morrem entre 20% e 50% dos pacientes que estão em UTI e adquirem pneumonia. Se o paciente estiver entubado, o percentual de óbitos sobe para 80%.

Também presente ao debate o assessor da Coordenação de Saúde Bucal do Ministério da Saúde, Alexandre Deitos, acredita que a presença de cirurgiões-dentistas nas UTIs pode complementar o Programa Nacional de Saúde Bucal.

O deputado Neilton Mulin (PR-RJ), autor do projeto e requerente da audiência, argumenta que a proposta não vai causar aumento nos custos. “Se, por um lado, há um aumento no número de profissionais, por outro, há diminuição considerável no gasto com medicamentos”, disse.

O PL 2776/08 está na Comissão de Seguridade Social. O relator é o deputado Saraiva Felipe (PMDB-MG).

Fonte: Paula Bittar/Rádio Câmara.
Edição – Natalia Doederlein/Agência Câmara

Rio de Janeiro – RJ