Sistema Conselhos de Odontologia faz um alerta sobre a utilização desses produtos sem a indicação de um cirurgião-dentista, que podem prejudicar a saúde bucal, muitas vezes de forma permanente.

Os aparelhos ortodônticos são dispositivos de uso exclusivamente odontológico que têm por objetivo alinhar os dentes e mordida, melhorando quadros de má oclusão, garantindo aos pacientes a proteção das funções orofaciais e ganhos estéticos dos sorrisos. Atualmente, a Ortodontia conta com os mais diversos recursos e inovações tecnológicas, que se convertem em maior eficácia no tratamento e conforto ao paciente.
No entanto, em razão dos modismos da Internet e das redes sociais, cresce o número de jovens que utilizam aparelhos ortodônticos falsos, sem indicação clínica ou acompanhamento de um cirurgião-dentista ortodontista. Diante desse cenário, o Sistema Conselhos de Odontologia faz uma alerta sobre os riscos dessa prática e ressalta que os aparelhos ortodônticos falsos podem causar graves danos à saúde bucal.
“Tratamentos ortodônticos só devem ser realizados com adequada avaliação e indicação clínica e com orientação de um cirurgião-dentista com atuação em Ortodontia. Infelizmente, observamos, já há alguns anos, uma onda de venda de aparelhos falsos, utilizados por jovens por puro modismo. O CFO alerta que essa comercialização é irregular e que terceiros que realizam essa instalação incorrem em crime de exercício ilegal da Odontologia, previsto no Art. 282 do Código Penal”, explica o conselheiro federal Anderson Lessa Siqueira, coordenador da Comissão de Acompanhamento e Monitoramento de Fiscalização do Sistema CFO/CROs
Os aparelhos ortodônticos ilegais são compostos por fios, muitas vezes feitos de cobre, cerdas de vassouras ou outros materiais artesanais, e de braquetes ortodônticos falsos que são fixados aos dentes com colas inapropriadas. Esses produtos são vendidos em plataformas de e-commerce no formato de kits compostos por braquetes, fios e um adesivo dental, além de borrachinhas de diversas cores, por valores bem abaixo dos praticados, demonstrando a baixa qualidade e o alto risco dos produtos.
O CFO esclarece que tanto a venda quanto a instalação de aparelhos falsos são irregulares e podem ser denunciadas para apuração pelo Sistema Conselhos de Odontologia. As denúncias podem ser feitas por profissionais inscritos ou pela sociedade em geral, devendo ser direcionadas ao Conselho Regional do respectivo estado de residência do denunciante.
Os riscos da utilização dos aparelhos falsos
A presidente da Associação Brasileira de Ortodontia e Ortopedia Facial (ABOR), Carla d´Agostini Derech, pontua que a Ortodontia é uma área de especialização da Odontologia que tem como principal função o diagnóstico e correção das más oclusões dentais e que os tratamentos ortodônticos são realizados com objetivo de melhorar a saúde geral do paciente, havendo também ganhos estéticos importantes para os seus sorrisos.
Porém, o uso de aparelhos ortodônticos sem indicação clínica e acompanhamento de um cirurgião-dentista especialista em Ortodontia pode causar diversas complicações orais, como movimentações dentárias desnecessárias, desgaste do esmalte, perdas ósseas, reabsorções radiculares e até mobilidade e queda de dentes. Ainda entre os impactos dos dispositivos falsos estão dores temporomandibulares, problemas de mordida, respiração e mastigação com a consequente má digestão dos alimentos.
“A colocação desses aparelhos ilegais por pessoas leigas, sem formação, pode gerar os mais diversos danos, sendo muitos deles irreversíveis. Há ainda outros prejuízos, que são reversíveis do ponto de vista clínico, mas que exigirão que o paciente passe por um amplo acompanhamento odontológico, muitas vezes sendo necessária a atuação de especialistas em diversas áreas da Odontologia”, pontua Carla Derech.
Vale ressaltar que os aparelhos ortodônticos ilegais podem conter substâncias químicas nocivas e tóxicas, como cádmio ou chumbo; metais que podem causar danos ao fígado, câncer e doenças cardíacas. Além disso, a cola utilizada é inadequada, podendo provocar abrasividade nos dentes e aumentando a possibilidade de os braquetes ou fios se soltarem dos dentes de forma acidental e causarem lesões nas gengivas e bochechas. Caso se soltem completamente, podem ainda representar risco de asfixia.
Por serem confeccionados com materiais de baixa qualidade e sem procedência, os aparelhos “fakes” podem aumentar o risco de infecção oral, principalmente se houver cortes ou irritação de gengivas e mucosa. Além disso, em razão da não realização dos procedimentos de manutenção por um Cirurgião-dentista, pode haver maior acúmulo de resíduos, formação de placa bacteriana e aumento do índice da doença cárie.
Modismo influencia jovens
A procura e utilização dos aparelhos falsos estão diretamente associadas aos modismos das redes sociais. Influenciados por conteúdos que viralizam, jovens instalam os braquetes e fios irregulares com o mero objetivo de enfeitar o sorriso e entrar nas trends da Internet. A presidente da ABOR destaca que isso ocorre por falta de informação sobre as consequências negativas do uso desses produtos.
“A utilização dos aparelhos falsos pode resultar na aplicação de forças sobre as quais não se tem controle. Por esse motivo, embora à primeira vista pareçam inofensivos, esses dispositivos podem significar problemas graves para a saúde bucal”, destaca Carla Derech.
Combate com conscientização e informação
O Sistema Conselhos de Odontologia, por meio do CFO e dos 27 Conselhos Regionais de todo país, realiza, de forma constante, a divulgação de informações com a orientação à população para que não coloque a saúde bucal em risco com a utilização de produtos odontológicos falsos ou sem procedência conhecida.
“A informação é uma arma poderosa no combate aos modismos que surgem no ambiente virtual e que acabam influenciando negativamente a população, especialmente os jovens. É por esse motivo que criamos o programa CFO Esclarece, voltado justamente à divulgação de informações com respaldo científico no âmbito da Odontologia. Esperamos que esse alerta, sobre os prejuízos dos aparelhos “fakes”, possa chegar à sociedade e que, assim, todos possam resguardar a saúde de seus sorrisos”, conclui Anderson Siqueira, coordenador da Comissão de Acompanhamento e Monitoramento de Fiscalização do Sistema CFO/CROs.