Ações Preventivas e o Impacto dos Cirurgiões-Dentistas no Combate ao Câncer Bucal
De 1 a 7 de novembro, ocorre a Semana Nacional de Prevenção ao Câncer Bucal. Para marcar a data, o Conselho Federal de Odontologia (CFO) e os Conselhos Regionais de Odontologia (CROs) reúnem e compartilham informações essenciais sobre o tema, reconhecendo o papel fundamental dos cirurgiões-dentistas na saúde pública. “Nós cirurgiões-dentistas temos um papel fundamental no diagnóstico precoce e na prevenção de doenças graves que afetam a cavidade oral, como o câncer bucal e as desordens orais potencialmente malignas (DOPMs). Condições como leucoplasias e eritroplasias são precursoras da maioria dos carcinomas espinocelulares orais, representando um desafio significativo para a saúde pública brasileira”, ressalta Tessa Botelho, especialista em Patologia Oral e Maxilofacial, Radiologia Odontológica e Conselheira do CFO.
De acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o câncer bucal é um dos principais problemas oncológicos no Brasil, com uma estimativa de cerca de 15.100 novos casos anuais entre 2023 e 2025. Essa condição é o oitavo tipo de câncer mais frequente no país, excluindo os tumores de pele não melanoma. A prevalência é especialmente alarmante entre homens, sendo o quarto tipo mais comum na Região Sudeste e o quinto nas Regiões Nordeste, Centro-Oeste e Norte.
Apesar de contar com a maior força de trabalho odontológica do mundo, composta por cerca de 420 mil cirurgiões-dentistas em 2024, o Brasil enfrenta altas taxas de mortalidade por câncer bucal, principalmente devido ao diagnóstico tardio, que ocorre em cerca de 75% dos casos.
Um estudo da Faculdade de Odontologia de Piracicaba (FOP-UNICAMP) revelou que, ao longo de 35 anos de carreira, um cirurgião-dentista brasileiro terá a oportunidade de diagnosticar, em média, de dois a três casos de câncer bucal e cerca de 675 casos de DOPMs. No entanto, existem variações regionais significativas, com estados como Ceará, Sergipe, Maranhão e Pará apresentando as maiores médias. Essas disparidades ressaltam a necessidade urgente de políticas públicas que promovam a capacitação contínua dos cirurgiões-dentistas, especialmente em áreas com menor densidade profissional, assegurando diagnóstico precoce e cobertura adequada. “É crucial priorizar a educação em saúde bucal e a formação contínua dos cirurgiões-dentistas para combater a alta incidência e as taxas de mortalidade por câncer bucal no Brasil, neste contexto campanhas de conscientização sobre os fatores de risco e a importância de consultas regulares ao cirurgião-dentista, idealmente Estomatologistas, desempenham um papel fundamental ao informar a população e os profissionais da odontologia” destaca Alan Roger dos Santos Silva, especialista em Estomatologia, Patologia Oral e Maxilofacial, Odontologia Hospitalar e professor do Depto de Diagnóstico Oral da FOP-UNICAMP.
Nesse campo, é fundamental o desenvolvimento de políticas públicas que aprimorem o cuidado para pacientes com DOPMs e o câncer bucal. Tais políticas devem incluir os cirurgiões-dentistas em programas de rastreamento para diagnóstico precoce e registro de novos casos além de oferecer suporte odontológico durante o tratamento oncológico, visando minimizar os seus efeitos adversos e assegurar a reabilitação adequada dos sobreviventes.