Este ano, o Dia Mundial sem Tabaco, comemorado em 31 de maio, ganha um grande reforço: cresce a oferta de tratamento para fumantes na rede pública do país.
Em 2010, o número de municípios que presta atendimento para quem quer abandonar a dependência subiu 266%. Atualmente, são mais 3.000 unidades do Sistema Único de Saúde (SUS) que oferecem tratamento em 1.240 cidades brasileiras. Até o ano passado, eram 923 unidades.
Segundo o Instituto Nacional de Câncer (INCA), o incentivo gera resultados favoráveis: 40% dos pacientes que fazem tratamento para deixar de fumar conseguiram largar o cigarro.
Programa de controle do tabagismo
O aumento é reflexo da definição, pelo INCA e por profissionais de saúde e entidades sanitárias de todo o Brasil, de práticas eficazes para o tratamento da dependência. Desde 2001, quando essas diretrizes foram estabelecidas, o número de fumantes que utiliza o serviço gratuito não para de crescer. A partir de 2008, com a adoção de leis que restringem o fumo em locais públicos de diversas cidades, a procura pelo tratamento antitabagismo aumentou ainda mais.
O Programa Nacional de Controle do Tabagismo, implementado e coordenado pelo INCA há quase 25 anos, permite a qualquer fumante que queira largar a dependência receber tratamento gratuito na rede pública de saúde.
Para obter informações e ter acesso à rede de tratamento, basta ligar para o Disque Saúde (0800 61 1997).
“A chance de êxito de um fumante se livrar do cigarro é maior quando ele reconhece que o tabagismo é uma doença”, afirma Alberto José de Araújo, pneumologista e coordenador do NETT (Núcleo de Estudos e Tratamento ao Tabagismo) do Hospital Clementino Fraga Filho da UFRJ (Universidade Federal do Rio de Janeiro).
Para isso, é importante esclarecer ou reforçar aos fumantes os males do cigarro e oferecer acompanhamento médico com tratamento aos que desejaram se tratar.
Campanha
Este ano, a Organização Mundial da Saúde (OMS), escolheu como tema para as atividades comemorativas do Dia Mundial sem Tabaco, 31 de maio, “Gênero e tabaco com ênfase no marketing para mulheres”. A mulher é o foco central da campanha que acontece em mais de 190 países.
As ações visam a alertar sobre as estratégias que a indústria do tabaco utiliza para atingir o público feminino e os males que seus produtos causam à saúde dessa população e ao meio-ambiente.
Atualmente existem cerca de 17,1 milhões de mulheres fumantes no Brasil, número considerado alto pelos padrões internacionais. Outro dado preocupante é o aumento do índice de fumantes entre as mulheres no mundo inteiro, especialmente as mais jovens.
Foram programadas diversas atividades de cultura, saúde e lazer para o público em geral. Veja mais no hotsite da campanha.
2010: o ano do pulmão
O ano de 2010 foi escolhido na 40ª Conferência sobre Saúde Pulmonar como o “ano do pulmão”. A ideia é promover discussões, difundir o conhecimento, mostrar as formas de prevenção e os cuidados com as doenças associadas a esse órgão.
Durante entrevista à Rádio Nacional, no início deste ano, o vice-presidente da Sociedade Brasileira de Pneumologia e Tisiologia (SBPT), Roberto Stirbulov, disse que o ano do pulmão será um momento de trocar experiências com profissionais da área, buscar a redução dos índices às doenças provocadas no pulmão e fazer alerta aos tratamentos que ajudem no controle de doenças genéticas, como a asma.
As campanhas, seminários e demais discussões sobre o assunto serão desenvolvidas no mundo inteiro a partir das experiências entre pneumologistas, pesquisadores e sociedade civil na busca de alternativas para uma vida mais saudável.
Tabagismo no Brasil e no mundo
Segundo estimativas da Organização Mundial da Saúde (OMS), a doença mata, no mundo, uma pessoa a cada 20 segundos – foram 1,8 milhões de vítimas no ano de 2007.
De acordo com o vice-presidente da SBPT, 1/3 da população brasileira é fumante. O índice é alto, mas está abaixo de outros países como a China, onde 60% da população são fumantes.
Conforme a Pesquisa Especial de Tabagismo (PETab), divulgada pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), no final de 2009, cerca de 24,6 milhões de fumantes estão na faixa etária acima de 15 anos. O número equivale a 17,2% da população brasileira.
Jovens
Entre os jovens, a preocupação em relação aos males causados pelo tabaco aumenta. Em entrevista ao portal de notícias G1, a médica Elnara Negri, do hospital Sírio-Libanês, afirma que o vício precoce pode trazer mais riscos de câncer.
Recentemente, a notícia amplamente divulgada por diversos meios de comunicação, em todo o mundo, sobre o menino indonésio – Aldi SugandaRizale – de apenas dois anos de idade que fuma cerca de 40 cigarros por dia comprova que o tabagismo tem um alto poder de dependência em pessoas mais jovens.
Para a pneumologista, o vício se manifesta mais rápido em pessoas mais novas. “Há alguns estudos mostrando que, quanto mais jovem você inicia o hábito de fumar, mais rápido você se torna dependente”, acrescenta.
No interior do Brasil ainda são comuns casos de pessoas muito jovens que fumam. Como diz o médico e professor da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), Oliver Nascimento: “vemos crianças com 10 ou 12 anos que fumam cigarros de palha, que as pessoas pensam que não faz mal, mas não é verdade. Há até um estudo brasileiro mostrando que o cigarro de palha traz mais risco à saúde do que o cigarro comum.”
De acordo com Negri, apesar de a proporção de fumantes em relação à população estar caindo, é crescente o número de mulheres e adolescentes a partir dos 12 ou 13 anos que estão aderindo ao hábito.
Câncer de boca
O hábito de fumar é um dos principais fatores de risco que podem levar ao câncer bucal. O câncer de boca está em 7º lugar – o de “traqueia, brônquio e pulmão” está em 3º – no ranking dos 10 tipos com os mais altos índices do país.
De acordo com o INCA, a estimativa para 2010 é de 14.160 novos casos de câncer bucal, sendo 10.380 homens e 3.780 mulheres.
O câncer de boca é uma denominação que inclui os cânceres de lábio e de cavidade oral (mucosa bucal, gengivas, palato duro, língua oral e assoalho da boca). O câncer de lábio é mais freqüente em pessoas brancas, e registra maior ocorrência no lábio inferior em relação ao superior. O câncer em outras regiões da boca acomete principalmente tabagistas e os riscos aumentam quando o tabagista é também alcoólatra.
Fontes: Saúde Digital, INCA e G1
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