Publicado na importante revista científica Journal of Oral Rehabilitation, a atualização do consenso reforça que o bruxismo não é considerado uma doença

Já reconhecido como um comportamento motor há mais de uma década, desde a proposta inicial de 2013 e sua consolidação no Consenso Internacional sobre Bruxismo em 2018, o tema recebeu nova atualização em 2025. O estudo mais recente aprofunda a compreensão da condição e apresenta novas interpretações e abordagens, reunindo diretrizes e atualizações formuladas por profissionais da área, pesquisadores e acadêmicos com produção relevante em periódicos especializados.
Publicado na importante e influente revista Journal of Oral Rehabilitation, a atualização do consenso internacional é baseada no artigo “International consensus on the assessment of bruxismo: report of a work in progress”, de autoria de F. Lobbezoo, pesquisador com diversos artigos publicados sobre o tema, e demais autores.
Dessa forma, o Sistema Conselhos, composto pelo Conselho Federal de Odontologia e os 27 Conselhos Regionais (CROs), reforça a importância das publicações científicas para a classe odontológica e traz pontos importantes do novo Consenso Internacional sobre o Bruxismo, referente à sua nova nomenclatura. “É importante que os cirurgiões-dentistas estejam sempre atentos aos avanços científicos e, por esse motivo, o programa CFO Esclarece traz agora informações sobre esse tema”, destaca o tesoureiro do CFO, Elio Silva Lucas.
Além da redefinição, o comportamento motor continua separado entre bruxismo do sono e de vigília, e também pode ser um fator de risco, de proteção ou neutro, eliminando a expressão “em indivíduos saudáveis”. Ainda, conforme o consenso, foi introduzido um novo sistema de avaliação, com base no relato do paciente, no exame clínico, no uso de dispositivos e na padronização de um glossário de terminologias, como “repetitivo” e “sustentado”.
A cirurgiã-dentista e presidente do Conselho Regional de Odontologia de Roraima (CRO-RR), especialista em Disfunção Temporomandibular e Dor Orofacial (DTM e DOF), Daniela Favalli Jaccomo, esclarece, em linhas gerais, o consenso internacional.
“Esse relatório foi escrito em nível mundial, com a colaboração de pesquisadores de diversas partes do mundo, e tem o objetivo de esclarecer aos profissionais e a população, sobre o tema e direcionar a abordagem terapêutica. O primeiro ponto a ser desmistificado é que o bruxismo não é uma doença; bruxismo é um comportamento motor, um hábito. Bruxismo não é só ranger ou apertar os dentes”, pontua Daniela.
A especialista ainda complementa: “As manifestações continuam a ser classificadas em bruxismo do sono (noturno) e bruxismo em vigília (diurno). O bruxismo não é uma doença, mas é um fator de risco para disfunções temporomandibulares, danos dentários e dores musculares”, complementou.
Dentre as principais mudanças no novo consenso estão:
– Definição: passa a ser chamado de comportamento motor;
– Contexto: quais os efeitos o bruxismo pode conter;
– Terminologia: termos como “em indivíduos saudáveis” foram removidos e incluídas as terminologias “repetitivo” e “sustentado”;
– Avaliação: o consenso compõe uma avaliação multidimensional;
– Diagnóstico: baseado no paciente, na clínica e em dispositivos, utilizando questionários e entrevistas, exames para identificar sinais de desgaste e uso de equipamentos como a polissonografia e a eletromiografia (EMG).
Bruxismo
Conforme explica Daniela Favalli, o bruxismo pode ser qualquer atividade repetitiva dos músculos da mastigação, principalmente do masseter e do músculo temporal, que envolva apertar e ranger os dentes ou mover a mandíbula sem contato dentário.
“Essa movimentação repetitiva pode ser um fator de risco, proteção ou neutro (não causando danos), adaptando-se a diferentes contextos conforme a frequência e intensidade do hábito”, esclarece.
Daniela reforça a importância de o cirurgião-dentista estar atento ao diagnóstico: “O profissional precisa avaliar individualmente se o hábito está sendo nocivo para propor um plano de controle que vise minimizar os danos aos dentes, articulações temporomandibulares e músculos envolvidos”.
Ações paliativas para o bruxismo
Em relação aos tratamentos/ações paliativas, conforme o novo consenso, houve uma atualização que foca na avaliação das consequências negativas do bruxismo, observando o contexto biopsicossocial do paciente. O objetivo não é necessariamente impedir a ocorrência do bruxismo, mas considerar fatores psicológicos e sociais, com manejo individualizado.
Nesse sentido, o tratamento do bruxismo deve ser individualizado, pois cada paciente apresenta um quadro diferente. Por exemplo, há casos em que o paciente apresenta bruxismo, mas não sente dor nem apresenta alterações na articulação temporomandibular (ATM). Nesses casos, o tratamento pode envolver o uso de uma placa noturna, a prática de atividade física e a terapia cognitivo-comportamental, com o objetivo de reduzir o hábito.
“Se o paciente faz uso de medicação, é importante ajustar o tratamento junto ao médico responsável, já que alguns medicamentos podem agravar o quadro de bruxismo. Não existe uma receita única que sirva para todos. Se o paciente tem bruxismo associado a apneia do sono, será necessário tratar também a apneia. No entanto, não se pode generalizar esse tipo de abordagem, pois nem todos os pacientes com bruxismo apresentam apneia. Por isso, o tratamento do bruxismo é considerado multiprofissional e requer uma avaliação cuidadosa, considerando as particularidades de cada caso”, aponta Daniela.
Dessa forma, o Sistema Conselhos de Odontologia ressalta a importância das consultas regulares com o cirurgião-dentista, profissional capacitado para diagnosticar o comportamento motor e definir um plano de tratamento que devolva a qualidade de vida aos pacientes com bruxismo.
A importância da Odontologia
Para finalizar, o Sistema Conselhos de Odontologia ressalta a importância das consultas regulares com o cirurgião-dentista, profissional capacitado para diagnosticar o comportamento motor e definir um plano de tratamento que devolva a qualidade de vida aos pacientes com bruxismo.
“O paciente que apresenta sintomas de bruxismo, como o ranger e o apertar dos dentes, deve ser conscientizado que os tratamentos podem proporcionar mais bem-estar e qualidade de vida. Portanto, esse comportamento motor não deve ser negligenciado, sendo fundamental a busca por um cirurgião-dentista para avaliação e tratamento”, conclui o tesoureiro do CFO, Elio Silva Lucas.


