Estudo sugere que pode haver troca de favores ou de compromissos e envolvimentos anteriores de candidatos com o setor da saúde
Candidatos que mais receberam
A campanha a deputado federal do médico e ex-presidente da Unimed de Santa Catarina Dalmo Claro de Oliveira (PMDB-SC) foi a mais apoiada por uma empresa de plano de saúde. Dalmo recebeu mais de R$ 2.3 milhões da Unimed e não foi eleito, mas foi nomeado Secretário Estadual de Saúde.
A campanha de Dilma Rousseff (PT) recebeu R$ 1 milhão da Qualicorp Corretora de Seguros S/A e a de José Serra (PSDB) R$ 500 mil.
Entre os governadores eleitos, os que mais receberam verba de planos de saúde foram Geraldo Alckmin (PSDB-SP), R$ 400 mil; e Sergio Cabral (PMDB-RJ), R$ 170 mil.
Os senadores foram Walter de Freitas Pinheiro (PT-BA) e Eduardo Amorim PSC-SE, ambos receberam R$ 60 mil.
Marco Aurélio Ubiali (PSB-SP) foi o deputado federal eleito com mais apoio, R$ 285 mil; seguido pelo ex-ministro da Saúde José Saraiva Felipe (PMDB-MG), com R$ 270. Saraiva se envolveu em algumas polêmicas quando ministro. Em 2005, durante reunião do Conselho Nacional de Saúde, ele utilizou o termo “aidético” ao se referir a uma pessoa com aids, e foi muito criticado por ativistas e representantes das pessoas que vivem com essa doença.
O médico libanês Pedro Tobias (PSDB-SP) foi o deputado estadual eleito com maior apoio, R$ 90 mil. Na última legislatura, ele foi um dos maiores defensores da polêmica lei que destina até 25% dos leitos em hospitais públicos administrados pelas OS (Organizações Sociais) às pessoas com planos privados de saúde.
Ao analisar a distribuição de recursos entre os partidos, a maior fatia foi para o PMDB, com 28,52% das doações, seguidos pelo PSDB (18,1%) e PT (14,5%).
Empresas que mais doaram
Um total de 49 empresas de planos de saúde fizeram doações para as eleições do ano passado. Apesar de em 2006, 62 empresas terem feito doações, houve um aumento de 42% nessa última eleição, ou seja, cerca de R$ 5 milhões a mais.
As que mais doaram foram a Unimed do Estado de São Paulo – Federação Estadual das Cooperativas Médicas com R$ 3.75 milhões; e a Qualicorp Corretora de Seguros S/A com R$ 1.9 milhão.
Por meio da sua assessoria de imprensa, a Unimed informou que as doações efetuadas foram feitas de forma transparente, dentro dos preceitos da legislação eleitoral e da ética cooperativista. “Neste contexto, a aproximação política aconteceu no sentido de ecoar os nossos pleitos, principalmente os tributários e regulatórios, bem como de apresentar algumas propostas, pois entendemos que temos muito a contribuir não só com o setor de saúde, mas com as comunidades nas quais estamos inseridos”, destacou a nota.
A Qualicorp respondeu apenas que “a empresa que atua no ramo de corretagem de seguros fez doações a partidos e candidatos, indistintamente, nos termos da legislação brasileira vigente.”
Segundo o estudo “Representação política e interesses particulares na saúde”, R$ 64,2 bilhões foi o faturamento anual do setor em 2009; mais de 1000 empresas de planos de saúde médico-hospitalares atuam no mercado; e 46 milhões de usuários estão vinculados aos planos de saúde.
A pesquisa conclui que é necessário tornar a representação dos planos privados de saúde, ainda que legítima, mais transparente, equitativa, menos fragmentada e mais próxima da defesa dos interesses da sociedade.
Fonte: Carta Capital – 20/02/2011