A Faculdade de Odontologia da USP (Universidade de São Paulo) de Ribeirão Preto testou e aprimorou um composto para tratamento de canal que é 50% mais barato, o que facilita o acesso para a população mais pobre. O novo produto é um cimento composto à base de aluminato de cálcio, material usado na construção civil, que traz vantagens sobre o similar mais usado no mercado atualmente.
A coordenadora da pesquisa, Fernanda Panzeri Pires de Souza, diz que tratamentos odontológicos, especialmente os de canais, são caros e muitos preferem extrair os dentes para economizar. “A saúde bucal vem melhorando muito no Brasil e esse tipo de pesquisa possibilita que as pessoas tratem os dentes em vez de arrancá-los, porque o preço é acessível.”
O EndoBinder foi desenvolvido pela Ufscar (Universidade Federal de São Carlos) e começou a ser testado por quatro pesquisadores da USP há dois anos. O cimento usado na construção civil foi purificado e recebeu aditivos que se mostraram melhores que o similar do mercado, o MTA.
“Em testes feitos com ratos, percebemos que ele ataca as células inflamatórias onde é aplicado, reage mais rápido e recupera o tecido em pouco tempo”, diz Fernanda.
Além dos testes em ratos, os pesquisadores também usaram o EndoBinder em porcos e bois. Durante um ano o produto novo foi aplicado em dentes bovinos para comparação com o similar. No mesmo período de tempo, o EndoBinder não apresentou diferença na coroa do dente, enquanto o MTA mostrou manchas e escurecimento dentário.
O grama do MTA custa atualmente no mercado R$ 250 e o EndoBinder será comercializado por R$ 125. Além de baratear o custo do tratamento, o novo produto também promete agilizar o processo.
“Quando misturamos o cimento com a água destilada para fazer a massa para aplicar no dente, o MTA leva em torno de 15 minutos para endurecer, mas com o EndoBinder o tempo cai para oito minutos”, explica Fernanda.
Além disso, foi inserido no novo produto o aditivo radiopacificador, que permite que dentistas identifiquem dentes tratados em radiografias.
A coordenadora da pesquisa acredita que o produto deve começar a ser testado em tratamentos em humanos em setembro, porque aguarda liberação da Anvisa. “A meta é que em até dois anos já seja comercializado”, diz Fernanda.
Fonte: A Cidade – 02/07/2011