Estudo vai avaliar saúde bucal dos índios

Pesquisa desenvolvida pela Funasa acontecerá em Distritos Sanitários Indígenas e servirá de subsídio para atendimento em aldeias

Mais de 500 anos depois dos primeiros contatos entre índios e europeus, os homens brancos ainda precisam aprender muito sobre a cultura e como vivem os povos que já habitavam o Brasil antes da chegada dos portugueses. Existem aqui mais de 450 mil índios, divididos em 369 etnias. Desse total, 55 grupos vivem de forma isolada e há poucas informações sobre eles. Um dos aspectos que ainda é muito pouco conhecido é a saúde bucal dessas populações.

Para dar mais atenção à saúde bucal dos povos indígenas, o Ministério da Saúde – por meio da Fundação Nacional de Saúde (Funasa) – iniciou um estudo que irá até o fim de 2006, para aprofundar conhecimentos sobre o tema. A Funasa dispõe de um banco de dados sobre os índios, onde aparecem informações demográficas, sobre mortalidade, doenças de maior incidência e cobertura vacinal. Um sistema informatizado vai permitir que a saúde bucal também faça parte deste banco de dados, o que ajudará as autoridades a promover mais ações em benefício das comunidades indígenas. A rede de informação funcionará nos Distritos Sanitários Especiais Indígenas (Dseis). Os distritos são regiões delimitadas pela Funasa para organizar melhor o atendimento médico. A atenção à saúde do indígena é responsabilidade da Fundação Nacional de Saúde.

No próximo mês, um projeto-piloto será iniciado em três Dseis, a serem definidos, para dar maior visibilidade tanto aos aspectos epidemiológicos quanto aos de serviços executados nas aldeias e pólos ligados aos 34 distritos. O projeto faz parte do Módulo de Saúde Bucal do Sistema de Informação de Atenção à Saúde Indígena (Siasi). “Queremos avaliar como está a situação da saúde bucal dos índios e reduzir esses problemas”, afirma o Presidente da Funasa, Paulo Lustosa.

O estudo pretende trabalhar com três variáveis: componentes epidemiológicos, culturais e produtividade dos serviços de atendimento. A questão epidemiológica será estudada para conhecer o perfil das doenças nos povos indígenas e as suas condições odontológicas. “Vamos oferecer tratamentos para cáries, canais, reparos de obturações e implantação de próteses totais e parciais”, explica Lustosa.

A questão cultural é outro ponto importante do estudo. O programa pretende criar um banco etnográfico com todas as particularidades e costumes de cada aldeia que possam se refletir na saúde bucal dos índios. A Funasa sabe que, em relação à higiene bucal diária, algumas aldeias têm costumes semelhantes aos dos habitantes do meio urbano. Em outras comunidades não existe qualquer tipo de higienização e são usados adornos e enfeites na boca, como discos labiais de madeira. Esses costumes podem trazer alguns problemas à saúde bucal, mas a Funasa vai respeitar a cultura local.

A Funasa também quer avaliar a produtividade dos serviços de saúde bucal, de acordo com o número de atendimentos e procedimentos junto aos moradores das aldeias. Com o sistema informatizado, será mais fácil avaliar este trabalho.


Fonte: Ministério da Saúde

Distrito Federal – DF