A partir do fim da década de 80, o Brasil adotou uma série de medidas para a redução do consumo de cigarros, como a proibição da propaganda e do fumo em ambientes fechados, o aumento de impostos, a instituição de preços mínimos para o maço, a obrigação das imagens de advertência e a oferta do tratamento para deixar de fumar no SUS. O programa brasileiro contra o tabagismo, que é reconhecidamente um dos mais exitosos do mundo, conseguiu reduzir o índice de fumantes no total da população de 18 anos ou mais, de 34,6%, em 1989, para 14,7%, em 2013.
Apesar da redução, o tabagismo continua a ser um dos maiores problemas de saúde pública do país. Um estudo do Ministério da Saúde concluiu que o consumo de cigarros e outros derivados do tabaco causou um prejuízo de R$56,9 bilhões ao Brasil em 2015. Deste total, os custos médicos diretos representaram R$39,4 bilhões, enquanto os custos indiretos, decorrentes da perda de produtividade devido à morte prematura e incapacitação de trabalhadores, totalizaram R$17,5 bilhões.
A título de comparação, o estudo do Ministério da Saúde apurou que a arrecadação total de impostos pela União e estados com a venda de cigarros no país em 2015 foi de R$12,9 bilhões. Ou seja, o saldo negativo do tabagismo para o país foi de R$44 bilhões.
Ainda pior que o impacto econômico é o rastro de mortes deixado pelo tabagismo. Mesmo com a redução no índice de fumantes, o estudo do Ministério mostra que as doenças causadas pelo consumo do tabaco foram responsáveis por 156.216 mortes no Brasil em 2015, que representam 12,6% de todos os óbitos de pessoas com mais de 35 anos.
Como reduzir o impacto do tabagismo na saúde e no bolso dos brasileiros? O grande desafio é impedir que crianças e adolescentes comecem a fumar. Os jovens são o alvo principal da indústria do tabaco, porque eles podem se tornar consumidores fiéis durante décadas. Impedidos de fazer propaganda, o marketing dos fabricantes de cigarros voltou-se para o ponto de venda, onde as chamativas embalagens dos maços são posicionadas ao lado de balas, doces e outros produtos consumidos pelos jovens.
Outra estratégia para induzir a iniciação ao tabagismo entre crianças e adolescentes é a adição de sabores mentolados e açucarados ao tabaco. Os aditivos minimizam a aversão inicial ao gosto ruim e à fumaça e facilitam a iniciação dos jovens.
Neste sentido, uma das principais decisões de saúde pública no país nos últimos anos está nas mãos dos ministros do STF. Eles devem julgar em 2017 a ação direta de inconstitucionalidade (adin) que impede a entrada em vigor da decisão da Anvisa de 2012 de proibir o uso de aditivos que dão sabores a cigarros.
No Dia Nacional de Combate ao Fumo, o CFO reafirma o compromisso dos cirurgiões-dentistas com o grande esforço para o controle dessa verdadeira epidemia que já custou tantas vidas.